Quem já comprou algum ‘terreno na Lua’, sob a forma de soluções mirabolantes para resolver pendências fiscais, tende a comemorar em breve o grau consideravelmente maior de dificuldade que pseudo-especialistas em prometer o impossível tendem a ter pela frente.
Tal previsão se justifica pela crescente digitalização da Receita Federal, pois a mesma tecnologia aplicada por ela para detectar irregularidades pode e deve ser colocada a serviço do contribuinte, com a projeção dos diferentes cenários decorrentes de suas escolhas.
Na prática, empresas e profissionais realmente sérios, desejosos em colocar as coisas em ordem – após falhas causadas muitas vezes por erros operacionais ou interpretativos, diante das frequentes modificações legais ocorridas neste campo -, cada vez mais deverão depender menos do primeiro santo milagreiro que bater à sua porta.
Em outras palavras, não há carrão, roupa ou relógio de luxo que possa falar mais alto do que as evidências estampadas nas telas de um sistema devidamente desenvolvido e com as atualizações imprescindíveis para revelar se o que era válido até pouco tempo atrás ainda vigora.
Sinais de carreira exitosa e discursos que não param em pé por muito tempo, aos poucos devem perder o dom de ludibriar empresários e profissionais das áreas fiscal e tributária – estes sim trabalhando com seriedade -, mas antes também mais vulneráveis aos falsos gurus tributários.
Até mesmo o acesso que muitos alegam ter ao amigo do amigo dentro do Fisco deve se tornar bem menos crível para os clientes, pois hoje eles prestam informações eletrônicas a uma estrutura de fiscalização tributária cada vez mais competente, segura e impessoal.
Contudo, se esses indícios clássicos de atendimento comprometido apenas e tão somente com o lucro de quem o oferece não estiver caracterizado, vale a pena ficar atento se todas as possibilidades estão sobre a mesa.
Ao buscar uma recuperação de crédito tributário, por exemplo, é fundamental que os profissionais envolvidos na operação apontem não apenas o cenário positivo mas também o negativo, caso o pleito malogre no Judiciário.
Por fim, lembre-se sempre que a saúde de um negócio e, não raro, sua própria sobrevivência, pode depender de um processo tributário, dependendo dos valores envolvidos e das possíveis mudanças estruturais necessárias para recolocar a empresa no caminho correto. Assim sendo, ouvir uma segunda opinião nunca é demais, da mesma forma que fazemos ao receber o resultado delicado de um exame médico.
Ivan Rozante
Diretor de Tecnologia da RZ3