O avanço da inteligência artificial e da automação de processos na gestão fiscal e tributária

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Está em curso uma mudança sistêmica na abordagem das empresas em relação à gestão fiscal e tributária, impulsionada pela ascensão meteórica da inteligência artificial. A velocidade dessas transformações é tão estonteante, que está moldando uma nova mentalidade de “pensar o negócio”.

O que antes era dominado por processos manuais na realização de cálculos complexos, agora está sendo transformado pela automação e análise preditiva, ambas impulsionadas por algoritmos inteligentes. O papel crescente da IA nesse campo já se mostrou, em curto espaço de tempo, crucial para as organizações.

Antes de mergulharmos na função da IA, é fundamental entender os desafios que as companhias enfrentam na gestão fiscal e tributária, dada a evolução constante na dinâmica da criação e atualização das regulamentações, que muitas vezes se tornam mais complexas e abrangentes.

As empresas lidam com uma variedade de impostos, taxas e obrigações fiscais federais, estaduais e municipais, elevando significativamente a carga de trabalho dos departamentos contábeis, fiscais, jurídicos e de RH, desafiando também as estratégias operacionais e de negócios.

Para se ter uma ideia, a complexidade do sistema tributário brasileiro é uma questão central que recebe críticas frequentes. Com 27 leis estaduais apenas para o ICMS, a falta de unificação é evidente.

Desde 1988, foram promulgadas incríveis 363.779 normas tributárias, uma média de mais de 1,88 por hora útil. Esses números do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) ressaltam o desafio enfrentado pelos contribuintes e destacam a urgência de reformas para simplificar e tornar mais transparente o sistema.

Além disso, erros na conformidade fiscal podem acarretar penalidades substanciais e danos à reputação da empresa. Portanto, a precisão e a harmonia são essenciais, mas alcançá-las é um enorme desafio em meio à crescente complexidade do ambiente regulatório nacional.

Pois é aqui que entra a inteligência artificial, auxiliando os profissionais a desenvolver uma série de ferramentas e técnicas que abrem caminho para as empresas enfrentarem esses desafios de forma eficiente. De muitas maneiras, a IA está transformando a gestão fiscal e tributária.

Igualmente significativa é a automação de processos, com programas e rotinas repetitivas e cenários previstos. Em outras palavras, a inteligência humana encontrou na tecnologia um caminho para alcançar maior precisão e produtividade no trabalho.

Outra contribuição da tecnologia inclui ajudar na coleta de dados, classificação de transações, no preenchimento de formulários fiscais e em muitas outras metodologias. Ao eliminar essas tarefas manuais, liberam-se tempo e recursos para atividades mais estratégicas.

Escritos pela inteligência humana – e este fato nem sempre é ressaltado quando se pensa em IA –, os algoritmos analisam grandes volumes de dados históricos para identificar padrões e tendências, ajudando as empresas a ponderar e projetar cenários com maior exatidão. Além disso, conseguem detectar anomalias nos dados, indicando possíveis erros ou irregularidades e permitindo a correção de problemas antes que se tornem crises.

Com base em análises avançadas, especialistas podem realizar um trabalho consultivo de revisão fiscal, otimizando a estratégia tributária corporativa e identificando oportunidades para minimizar a carga fiscal dentro dos limites legais. Este procedimento envolve uma série de questões, como identificação de incentivos fiscais, avaliação de estruturas de negócios alternativas e otimização da alocação de recursos.

A tecnologia também tem sido usada para facilitar a conformidade fiscal, por meio de softwares de inteligência de processos, os quais têm a legislação fiscal embarcada, como os sistemas TAX One, TAX Analyser, Workflow e Checkpoint, desenvolvidos pela Thomson Reuters, parceira da RZ3.

Cada sistema possui uma função específica, mas é possível, através do Checkpoint, por exemplo, parametrizar rotinas específicas por cliente, para alertar as empresas sobre possíveis situações de não conformidade. Da mesma maneira, o portfólio Thomson Reuters simplifica processos de auditoria, fornecendo acesso instantâneo a dados e documentação relevantes e dando visibilidade gerencial e operacional para garantir o compliance fiscal.

O crescimento do uso da inteligência artificial e de ferramentas de automação de processos na gestão fiscal e tributária oferece uma série de benefícios tangíveis para as empresas, como a realização de operações de forma mais eficiente, reduzindo custos e liberando recursos para outras iniciativas.

A automação de processos e a inteligência artificial são duas tecnologias distintas, mas relacionadas entre si, que têm o potencial de transformar operações comerciais e industriais.

Portanto, com acesso a análises avançadas e insights preditivos, as empresas conseguem tomar decisões fiscais mais estruturadas e com maior visão estratégica, maximizando seu valor para os acionistas, incluindo a amortização dos riscos de erros e penalidades.

Apesar dos benefícios óbvios, o uso da IA na gestão fiscal e tributária também levanta uma série de desafios e considerações éticas. Por exemplo, enquanto a privacidade dos dados dos contribuintes deve ser protegida, os algoritmos precisam ser transparentes e não discriminatórios.

Além disso, a implementação bem-sucedida da IA requer expertise técnica e investimentos significativos em infraestrutura e treinamento. Portanto, as companhias precisam continuamente se preparar para superar esses desafios e aproveitar ao máximo o potencial da tecnologia na gestão fiscal e tributária.

Modelos de aplicações de IA incluem assistentes virtuais, carros autônomos, sistemas de recomendação em plataformas de streaming e detecção de fraudes em transações financeiras.

A inteligência artificial e a automação de processos estão redefinindo a maneira como as empresas abordam a gestão fiscal e tributária, oferecendo eficiência, precisão e ideias estratégicas sem precedentes. E isso faz uma enorme diferença em um país como o nosso, conhecido mundialmente como dono de uma das mais burocráticas estruturas fiscais. À medida que essas tecnologias continuarem a evoluir, certamente assumirão um papel de destaque no desenvolvimento de um ambiente de negócios cada vez mais dinâmico e juridicamente seguro e menos complicado e dispendioso.


Juarez Loures
Partner na Unidade de Negócio Solution Flow, da RZ3


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